Até janeiro desse ano Saint-Jean-de-Luz era para nós somente um nome nas placas de sinalização das estradas do sul da França, quase na fronteira com a Espanha. Passávamos pelo acesso à cidade mas nunca entrávamos porque nosso destino era sempre outro.
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Barquinhos no forte de Socoa, em Ciboure. |
Um fim de semana resolvemos dar uma escapada dessas de sair na sexta depois do trabalho e voltar no domingo. Mas para onde? Nao podia ser muito longe porque queríamos ir de carro e o tempo era curto. E queríamos ir à França. Decidimos então conhecer Saint-Jean-de-Luz. E não nos arrependemos. Esse pequeno balneário com jeito de antigo é perfeito para recarregar a bateria, principalmente no inverno, quando não está cheio de veranistas e se pode passear tranquilamente pela
Grande Plage, pela baía e pelas ruazinhas do centro histórico, com suas casas brancas de janelas vermelhas, típicas da arquitetura vasca. Eu gosto do mar em qualquer estação do ano, e no inverno a região costeira do País Vasco é especialmente bonita.
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Saindo de Ciboure, muita trilha pela frente! |
Foi caminhando até o final da
Grande Plage para ver a paisagem desde um mirante que descobrimos
Le Sentier du Littoral. É uma trilha mista (passa por cidadezinhas e por paisagens agrestes) que percorre 25 quilômetros do ponto de partida ao de chegada, sempre ao lado do mar. Saint-Jean-de-Luz fica mais ou menos na metade do caminho e foi onde começamos a caminhar em direção a Hendaya, na segunda visita que fizemos à cidade. Falta trilhar a outra metade no sentido contrário, de Saint-Jean-de-Luz a Bidart. Não aconselho a levar crianças, a trilha em si não é difícil mas existem partes muito altas de falésias sem nenhuma proteção. As bicis estão proibidas, nesse caso é melhor ir pelas estradas por onde circula a maioria dos ciclistas, quase sempre em grupos. O País Vasco tem muita tradição em ciclismo e o pessoal realmente respeita as magrelas.
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Quase chegando a Hendaya. Quase? |
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Casa de chá em Hendaya, fim da trilha e merecido descanso. |
Uma curiosidade: na metade do século XIX a quarta parte de Saint-Jean-de-Luz
foi destruída pelas ondas do Atlântico depois de oito dias de
tempestade e a costa recuava de 1 a 3 metros cada ano, engolida pelas
águas do mar. Foi Napoleão III quem começou as obras dos três diques que até hoje protegem a cidade, fechando parcialmente a baía de Saint-Jean-de-Luz:
o dique de Socoa, o de
l'Artha e o de
Sainte Barbe. É um espetáculo ver
as ondas batendo nos paredões dos diques quanto o mar está bravo.
Mais sobre Saint-Jean-de-Luz e Le Sentier du Littoral
Office de Tourisme de Saint-Jean-de-Luz (francês, inglês e espanhol). Site muito completo com informação geral sobre a cidade e arredores, hospedagem, atividades esportivas, gastronomia, tradições, compras, etc.
Mapa
PDF da trilha de Bidart a Saint-Jean-de-Luz (em espanhol)
PDF da trilha de Saint-Jean-de-Luz a Hendaya (em espanhol)